
Prisão de advogado suspeito de estuprar três crianças em Canoas
Publicação em 08.11.21Divulgação - Foto meramente ilustrativa

Um advogado investigado por abusar de crianças em um condomínio de classe média em Canoas (RS) foi preso preventivamente neste domingo (7) pela Polícia Civil. O suspeito se apresentou na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) acompanhado de seu defensor, o advogado Samuel Aguiar.
A investigação começou em setembro e identificou três vítimas: duas meninas (de oito e nove anos) e uma terceira criança (que não teve idade e sexo revelados). Os três infantes moravam no mesmo condomínio em que o investigado e, conforme seus relatos, foram abusados pelo homem dentro da residência dele, ao irem até o local brincar com o filho do suspeito.
Encaminhado ao sistema prisional, o homem - que não teve o nome divulgado pela polícia - é investigado por estupro(s) de vulnerável (is). A investigação prossegue e os agentes não descartam a existência de outras vítimas.
Conforme o delegado titular da DPCA, Pablo Queiroz Rocha, “as três vítimas não tinham convivência entre si e apresentaram relatos convergentes”. Segundo Queiroz, “há detalhes em seus depoimentos que sinalizam total veracidade ao conteúdo que elas narram”.
O primeiro caso
O primeiro caso foi descoberto pela família da vítima em setembro, quando uma menina de nove anos contou na escola para uma colega e a psicopedagoga da instituição, que sofria abusos de alguém próximo da sua família. A escola procurou os pais, que conversaram com a criança, que confirmou episódios que aconteciam desde 2017, quando ela tinha cinco anos.
A menina contou que o homem tirava a roupa dela e passava-lhe a mão no corpo, dentro quarto de hóspedes. A família procurou a DPCA, fez exame de corpo delito e foi orientada a manter discrição em relação ao caso até o momento da busca e apreensão. Tal para não levantar suspeitas e evitar a destruição de eventuais provas.
Dentro do condomínio, as suspeitas ganharam repercussão no dia 28 de outubro, data em que a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do advogado investigado. Foram recolhidos um HD externo com senha, celulares e computadores. O material está em análise pela Polícia Civil.
Desde o dia imediato à busca e apreensão, o advogado não mora mais no condomínio.
O segundo e o terceiro casos
O segundo vértice surgiu a partir desta data em que os pais da menina estiveram na casa da família de outra garota, que sabiam que também frequentava a residência do suspeito e contaram sobre a investigação. Questionada pelos pais, essa segunda menina, de oito anos, também confirmou situações de abuso.
Na semana passada, uma terceira vítima foi identificada. A criança também prestou depoimento na DPCA.
Colaboração das famílias
O diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, delegado Mário Souza, avalia que houve crime. “É preciso que as famílias que sabem fatos denunciem e confiem na Polícia Civil. A exposição do estupro de vulnerável é fundamental para que o crime acabe. Nenhuma informação sobre as crianças será divulgada. Muitos desses criminosos utilizam armadilhas mentais para que meninas e meninos não revelem o que passam. Todos que sabem de algo precisam denunciar, sejam professores, vizinhos ou familiares”.
A mãe de uma das vítimas afirma que está satisfeita com a prisão do suspeito e espera que a esposa do advogado também seja investigada. Até o momento, nada há sobre a cônjuge do suspeito.
Contraponto
O advogado Samuel Aguiar, que defende o homem suspeito, confirma a ação policial: “Estamos cooperativos com processo e com a investigação. Agora é aguardar o desenrolar das etapas processuais para apresentar a defesa e ficar evidenciada a inocência do meu cliente".
A posição da OAB/RS
A Ordem dos Advogados do RS ainda não foi oficialmente informada sobre as ocorrências e as investigações. Mas ante a repercussão, adiantou-se e pediu à Polícia informações imediatas que serão mantidas sob sigilo.
Se for o caso, será aberto processo ético-disciplinar contra o advogado. Em tese, uma das possibilidades é a ocorrência de suspensão preventiva do exercício profissional.