
O auxílio cara de pau
Publicação em 20.12.21Charge de Gerson Kauer

Conto-lhes que três operadores jurídicos conversavam, sexta-feira passada, em saudável happy hour.
Um deles, membro do Ministério Público, contou que, na noite anterior, fizera massagem na sua namorada, com azeite de oliva finíssimo.
E confidenciou:
- Simultaneamente, sussurrei ao ouvido dela a minha mais recente satisfação: o bem orquestrado e rápido arranjo jurídico que afinal sacramentou o “auxílio-saúde”, que garante mais cerca de R$ 2.132 mensais. Assim, são mais R$ 25.584 anuais sem tributação.
- Depois, fizemos amor com profunda eficiência... – arrematou o promotor.
O segundo integrante da roda, um magistrado de carreira, contou história semelhante:
- Massageei o corpo da minha mulher com um creme afrodisíaco, enquanto revelava a minha certeza de que, breve, teremos
um aumento nacional do auxílio-refeição. O primeiro passo foi dado por dois colegas de Mato Grosso e do Maranhão. Eles prepararam confiável levantamento provando que produtos de cesta básica da elite dos brasileiros aumentaram mais de 200%. Isso vai nos garantir uma majoração de pelo menos 100%.
O arremate desse juiz foi semelhante:
- Em seguida, também fizemos amor com sabedoria matemática.
O terceiro era um advogado, que contou uma história diferente.
- Eu estava fazendo massagem na minha noiva, usando margarina, quando ela me perguntou se eu estava recebendo bons honorários. Contei, então, que faço parte daquele grupo que, nos últimos meses, tem recebido, por sentenças, misérias sucumbenciais que variam de 300 a 1.000 reais...
Houve, então, um solidário silêncio, afinal interrompido por uma pergunta simultânea.
- E daí, o que aconteceu?... – questionaram o promotor e o magistrado.
O advogado foi sincero:
- Caímos num buraco negro. A minha noiva perdeu a libido, eu tomei um porre e lá pelas 10 da manhã acordamos em estado de profunda depressão! Agora estamos juntando dinheiro para consultar um psiquiatra... Se não conseguirmos, vou propor ao futuro presidente nacional da Ordem que dê um jeito de criar um auxílio cara de pau.
Sem hífen.