
Instinto selvagem durante a prestação jurisdicional
Publicação em 01.04.22Google Imagens

Um filme que marcou na memória - especialmente por uma cena arrojada com a estonteante Sharon Stone – foi Instinto Selvagem.
As reações dos policiais que presenciaram a mais famosa cruzada de pernas do cinema mundial, foram engraçadas: constrangimento e paralisia diante da bela e poderosa investigada.
Com muito menos luxo e sofisticação, no interior do Rio Grande do Sul também foi protagonizada a picante cena. No município, a população era de descendentes alemães. Como dito reservadamente pelos juízes que por lá passavam, havia uma Xuxa em todos os locais: farmácias, supermercados, bares e restaurantes e sem exclusão, na Justiça.
Um juiz recém chegado, bem relacionado com a advocacia, foi convidado para a solenidade de entrega das “carteiras” de inscrição na OAB, em solenidade festiva para apenas duas jovens advogadas. No ato formal, ele foi fulminado por um profundo e estimulante olhar de uma delas, a loura. A partir daí as coincidências de encontros ao acaso se somaram. Almoçando, jantando, caminhando, ele sempre encontrava a novel causídica.
De parte a parte eram trocados olhares, sorrisos e conversas do tipo “cerca Lourenço” – aquela coroa de louros para os vencedores na Roma antiga.
O magistrado temia em dar curso ao caso diante da repercussão que poderia ter na cidade. A comunidade de advogados era pequena, conservadora e todos sabiam de todos.
No dia anterior ao seu retorno para a Capital, despachando no gabinete, o juiz do Trabalho recebe um telefonema. A advogada se identifica e pergunta se ela poderia assistir as audiências da tarde. Obviamente, ele respondeu que sim.
Após as primeiras audiências, com a sala vazia de assistência, ingressa na sala a advogada – bem trajada e exalando um perfume que tomou conta do ambiente. Ela vestia uma saia relativamente curta,
Sentou-se no banco à frente da mesa onde estavam o juiz (à época presidente), os classistas e o escrevente. Todos discretamente acompanhavam com os olhos a jovem.
Em meio a um depoimento cansativo, ela lentamente cruza as pernas, repetindo a famosa cena em todos os seus detalhes e revelações.
Entre pigarros e reacomodações nas cadeiras, a “solenidade” teve nervosa sequência.
O ousado gesto foi espaçadamente repetido por mais duas vezes.
E o restante da história apenas o juiz e a Sharon gaúcha sabem. Tudo indica que prevaleceu o instinto selvagem.